30 de setembro de 2010

Afinal, qual é a prioridade para nossa sociedade?

Diogenes Andrade Filho // Empresario, vice-presidente Abad-Ass.Bras.de Atacadistas e Distribuidores
filho@diogenesandrade.com.br

Estou começando a ficar confuso ao verificar a inversão de valores que estamos vivendo em nosso país, justamente por já encontrar-me no grupo dos que passaram dos 60. Reportagem em nosso Diario no dia 3/08 passado, na pagina C2, com o titulo "começa obra da primeira prisão-modelo do estado", me levou a muitas reflexões após analisar o seu conteúdo e os números apresentados na mesma, senão vejamos: não pretendo me ater ao custo da obra, de míseros R$ 287 milhões, (quantas escolas poderão ser construídas com esta soma?), nem também ao fato da mesma estar entre as 100 melhores obras de infraestrutura do mundo, conforme padrões "suíços", mas a estrutura necessária à sua operação, que será de 1.500 agentes penitenciários, mais 800 técnicos de segurança, além do reforço de PM's nas guaritas, ou seja, teremos 2.300 homens fora os PMs, para cuidar de até 3.126 detentos de periculosidade máxima, o que significa 0,9 funcionários para cada preso (talvez ao adicionarmos os PMs nos diversos turnos, cheguemos a 1 por 1), e então fiquei sem entender mais nada tentando comparar quantos funcionários temos para cada criança em nossas escolas públicas, incluindo-se aí os nossos gloriosos professores, que pela minha formação são corresponsáveis pelo futuro de nossa sociedade, justamente para evitar que seja necessário o processo de "ressocialização" após estas crianças tornarem-se bandidos. Será o número aproximado? Gostaria de saber também, quantos policiais temos "per capta" para nos proteger destes bandidos e dos que estão se formando já que não há perspectivas de médio e longo prazos para esta juventude que tem como ídolos os chefes das quadrilhas? Qual é o mais importante? Quanto custa para o estado um detento, e quanto custa uma criança na sala de aula?

Ao ler nova reportagem no nosso Diario, publicada no domingo 5 de setembro, na página A4, que versa sobre as necessidades do nosso sistema de saúde publica, não poderia deixar de fazer o seguinte comparativo: existem 27 mil servidores na SES, mais (?) cinco mil médicos, o que soma se estes últimos não estiverem incluídos como servidores, o total de 32 mil pessoas para atender os sete milhões de pernambucanos que dependem da assistência pública de saúde, ou seja, temos aproximadamente 46 funcionários para atender a cada grupo de 10 mil pessoas, com o objetivo de proporcionar à população saúde preventiva e corretiva para uma vida saudável e longeva (claro, se não for encurtada por um bandido) conforme reza uma das cláusulas pétreas da nossa constituição. Ao comparar os números acima, passei a não entender mais nada, e a me perguntar qual será a prioridade dos nossos governantes para o futuro de nossa sociedade? Recordo-me que logo após o pós guerra, a Coreia do Sul, tinha um "PIB per capta" menor que o nosso, focou em Educação e hoje está entre um dos mais altos do mundo, dispondo ainda de um sistema de saúde pública que atende totalmente a sua população.E nós? Não pretendo aqui diminuir a importância do objetivo principal e humanitário da "ressocialização" dos coitados dos jovens que têm entre 18 e 25 anos de idade, mataram, estupraram, assaltaram, tiraram a felicidade de muitas famílias e que não conseguem mais sair da criminalidade, mas até quando estaremos investindo em remediar o que não tem remédio em detrimento das ações de fato prioritárias para a população com vistas a tornar o nosso país de fato uma nação civilizada? Claro que esta é uma discussão bastante ampla, mas, lugar de bandido é na cadeia, trabalhando e produzindo para se sustentar e à sua família (sem bolsa detenção), pois o trabalho duro é o que socializa o homem. Ah! Esqueci que o nosso Código Penal não permite que o detento trabalhe a contragosto, já que será considerado "trabalho forçado". Finalizando este pequeno desabafo, permanecerei me questionando, quais de fato são as prioridades de nosso sistema social, os bandidos, a segurança da população refém deles, a educação e saúde? Será que teremos alguma esperança de um futuro tranquilo? Temo que não.

0 comentários:

Postar um comentário