10 de maio de 2010

Antes do Último Baile


Como bons pernambucanos, José Mário e Lucia Helena curtiram muitos Carnavais juntos. Depois do diagnóstico da doença, resgataram o gosto pela folia durante as aulas do Projeto Flor de Mandacaru, formado pelo grupo de dança Mandacaru, da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), e por algumas pessoas da Associação de Parkinson de Pernambuco.“O Flor de Mandacaru permite que os parkinsonianos façam aula de canto e de dança, o que é muito importante para o tratamento", afirma o assistido da Sistel. Foi durante os encontros do Flor de Mandacaru que o grupo decidiu criar um bloco carnavalesco formado por pessoas com a doença de Parkinson. Nascia o Treme-Treme, que há quatro anos se reúne em frente ao Palácio do Campo das Princesas, sede do governo do estado de Pernambuco.Sempre uma semana antes do sábado de Carnaval, ao som do frevo, do maracatu e da ciranda, a folia anima uma multidão formada por parkinsonianos, seus familiares e outros apaixonados pela festa de Momo. "Resgatamos essa festa dentro das nossas possibilidades. Não podíamos mais subir e descer as ladeiras de Olinda, nem enfrentar a multidão do Galo da Madrugada", explica seu José Mário. Ele ensina, ainda, que a ciranda é um ótimo exercício para quem tem a doença de Parkinson: "As danças de roda são muito importantes para quem tem a doença, porque as pessoas estão apoiadas umas nas outras. Isso ajuda a manter o equilíbrio".Nos festejos do Treme-Treme de 2010 Leninha não estava mais presente, ao menos na forma material. Desde o falecimento da esposa, seu José Mário sente um misto de saudade e paz: "Tenho uma sensação de paz profunda pelo dever cumprido, de ter honrado esse compromisso que me fez tão feliz. Vivi um momento de dor, mas meu coração está curado. Sinto saudades, mas tenho a graça de não sofrer a angústia da falta".
Fonte:Revista da Fundação Sistel de Seguridade Social-anoII-Nº 02 MAR/ABRIL.2010

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