10 de maio de 2010

Um amor amado.


O Engenheiro José Mário Pereira de Melo, 63 anos, estava recém-aposentado quando recebeu uma notícia que mudou a vida de sua família: sua esposa, a médica Lucia Helena Zarzar, a querida Leninha, foi diagnosticada com a doença de Parkinson - enfermidade crônica, degenerativa do sistema nervoso central que pode causar rigidez muscular, tremores, diminuição da mobilidade e falta de equilíbrio.Até aquele momento, ele, que ainda não sabia o que fazer durante a aposentadoria, compreendeu a grande tarefa que tinha a desempenhar: “Fiquei um ano pensando no que fazer da vida. Fizemos uma viagem ao Oriente, à Palestina, e na volta tivemos o diagnóstico. Descobri que a minha nova atividade seria ajudar minha esposa a viver", conta "Tão ou mais importante quanto a minha disposição de estar ao lado dela foi a capacidade que Leninha teve de se deixar amar", acrescenta.José Mário e Lucia Helena iniciaram, assim, uma bela jornada de vida. Envolvidos com a doença, ajudaram a fundar a Associação de Parkinson de Pernambuco (ASPPE) que oferece apoio à melhoria da qualidade de vida de pessoas com Parkinson e seus familiares."A evolução da doença dela foi séria. Ela não tremia, mas perdia os reflexos e a capacidade de se locomover. Mas como ela era uma pessoa que gostava muito da vida, viveu intensamente", lembra José Mário.Os minutos, as horas e os dias foram aproveitados com sabedoria. “Vinte dias antes de falecer, ela estava andando de trator, passeando com os netos, feliz da vida. No dia 9 de agosto do ano passado, dois dias antes de ela falecer, ela festejou alegremente comigo o meu dia, o Dia dos Pais", lembra seu José Mário. "Nós escolhemos dar vida aos nossos dias e não dias e anos a nossas vidas. Isso e fundamental", ensina.Aliás, ensinamentos não faltam nessa bela história de amor. Quando questionado por que sempre se inclui na trajetória da doença, como se também tivesse tido Parkinson, seu José Mário é assertivo: "Eu era o complemento dela, ela era meu complemento. Nessa unidade, se ela tinha Parkinson, eu também tinha. Eu era um parkinsoniano. Depois que ela morreu, ela curou-se. Eu também. Durante cinco anos, fui o equilíbrio físico da minha esposa. Mas ela era o meu equilíbrio emocional, nós nos completávamos", diz.

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